13.8.14

Allex Kangala


Conhecido pelos seus ternos de cortes preciosos, Allex Kangala é um dos nomes mais ilustres do mundo da moda masculina em Angola. Conhecido também internacionalmente, Allex já apresentou o seu trabalho em eventos como o África New York Fashion Week e o Hong Kong Fashion Week. Em entrevista, o estilista contou detalhes sobre o seu trabalho e sobre a recente demolição da sua loja no Kinaxixi.

Texto Jurema Ramos
www.aspiracaodosublime.blogspot.com

Fale-nos da evolução da marca Dianthus di Kangala desde a sua criação até a actualidade.

A marca tem crescido gradualmente a nível de qualidade, de expansão e de aderência. Hoje, a marca Dianthus di Kangala passou a chamar-se Allex Kangala por causa da dificuldade que algumas pessoas tinham em decorar o nome da marca e em pronuncia-lo.


Como descreve a marca e como é que se mantém fiel a sua visão?

A marca Allex Kangala é uma marca clássica, na qual predominam os trajes masculinos de cerimônia, respeitando o equilíbrio, a harmonia, sob pinceladas de beleza, amor e nobreza, pontos que sustentam a visão base da marca.

Tem um percurso muito longo na moda angolana. Hoje, quando olha para trás, qual é o momento mais memorável?

O momento mais memorável até hoje na minha carreira é com certeza o reconhecimento que obtive na minha primeira participação em um evento de alta-costura internacional em Nova Iorque, o Couture Fashion Week 2013.

A China e o Japão têm dado passos muito grandes e importantes no mundo da moda, com a realização das Semanas de Moda de Hong Kong e Xangai e já teve o privilégio de participar nestes eventos. Como é que o seu trabalho foi e é recebido internacionalmente?

Em todos os países por onde passei (França, Estados Unidos da América, Japão e Namíbia), as pessoas diziam que nada tenho a dever as grandes marcas internacionais a nível de criatividade, costura, cortes e qualidade dos materiais. Isso dá-me a certeza de que estou no bom caminho.

As pessoas ainda tendem a ver o mundo da moda como algo glamouroso e praticamente se esquecem do backstages. Como é a sua rotina e como insere a moda no dia-a-dia?


É uma satisfação dar cor e realizar os sonhos e as expectativas das outras pessoas. Não há nada como no final do trabalho árduo ver o sorriso das pessoas por gostarem daquilo que produzimos para elas. Ser estilista é também ser-se artista e tudo que é feito com a alma não cansa. Hoje, graças a Deus, atingimos um patamar em que nos é possível descentralizar o trabalho.


















Recentemente teve a infelicidade de ver e ter a sua loja demolida. Quais foram as reais razões para a sua demolição?

Eu pretendia fazer obras de melhoria na minha loja que está aberta há quatro anos, a fim de dar mais prestígio a marca mas pequei por não ter solicitado uma licença para obras, contudo, esperava por um tratamento mais humano. Fui surpreendido com a demolição sem aviso prévio da minha loja.

Como reagiu ao ocorrido e qual foi o seu primeiro pensamento mal tomou conhecimento?
Eu tenho o autodomínio, contudo senti-me humilhado e de alma dilacerada. Eu tenho trabalhadores que diariamente dão tudo de si para a marca ser o que é hoje e precisam deste trabalho pois têm as suas famílias. Contactei o Departamento de Fiscalização de Obras e todos alegaram que receberam ordens superiores vindas da Comissão Administrativa de Luanda.


Há aproximadamente uma semana tivemos o conhecimento de que a loja Allex Kangala está novamente aberta ao público. Sente-se mais fortalecido após ultrapassar o ocorrido?

Na verdade nada foi ultrapassado. Estou hoje a fazer uso de uma parte da loja que não foi afectada, com pouco mais de 8m². Estamos a trabalhar em condições extremas mas nada mais nos resta a não ser fazê-lo neste momento e nestas condições.

Qual é a maior lição que aprendeu desde a abertura da sua empresa?

Aprendi que devemos ser acima de tudo íntegros, dedicados e respeitar Jesus Cristo, os homens e a vida.

O que gostaria de alcançar antes do final do ano?

Antes de qualquer outro desejo, imploro que me seja ressarcida a totalidade da minha loja, bem como gostaria que me concedessem um financiamento para a abertura de uma pequena indústria de confecção pois produzir em Itália, comprar o material no estrangeiro, a transportação, o desalfandegamento, acabam por encarecer o produto.


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