Conhecido pelos
seus ternos de cortes preciosos, Allex Kangala é um dos nomes mais ilustres do
mundo da moda masculina em Angola. Conhecido também internacionalmente, Allex
já apresentou o seu trabalho em eventos como o África New York Fashion Week e o
Hong Kong Fashion Week. Em entrevista, o estilista contou detalhes sobre o seu
trabalho e sobre a recente demolição da sua loja no Kinaxixi.
Texto
Jurema Ramos
www.aspiracaodosublime.blogspot.com
Fale-nos
da evolução da marca Dianthus di Kangala desde a sua criação até a actualidade.
A marca tem
crescido gradualmente a nível de qualidade, de expansão e de aderência. Hoje, a
marca Dianthus di Kangala passou a chamar-se Allex Kangala por causa da
dificuldade que algumas pessoas tinham em decorar o nome da marca e em
pronuncia-lo.
Como descreve a marca e como é que se mantém fiel a sua visão?
A marca Allex Kangala é uma marca clássica, na qual
predominam os trajes masculinos de cerimônia, respeitando o equilíbrio, a
harmonia, sob pinceladas de beleza, amor e nobreza, pontos que sustentam a
visão base da marca.
Tem um
percurso muito longo na moda angolana. Hoje, quando olha para trás, qual é o
momento mais memorável?
O momento mais
memorável até hoje na minha carreira é com certeza o reconhecimento que obtive
na minha primeira participação em um evento de alta-costura internacional em
Nova Iorque, o Couture Fashion Week 2013.
A China
e o Japão têm dado passos muito grandes e importantes no mundo da moda, com a
realização das Semanas de Moda de Hong Kong e Xangai e já teve o privilégio de
participar nestes eventos. Como é que o seu trabalho foi e é recebido
internacionalmente?
Em todos os países por onde passei (França, Estados
Unidos da América, Japão e Namíbia), as pessoas diziam que nada tenho a dever
as grandes marcas internacionais a nível de criatividade, costura, cortes e
qualidade dos materiais. Isso dá-me a certeza de que estou no bom caminho.
As pessoas ainda tendem a ver o mundo da
moda como algo glamouroso e praticamente se esquecem do backstages. Como é a
sua rotina e como insere a moda no dia-a-dia?
É uma
satisfação dar cor e realizar os sonhos e as expectativas das outras pessoas.
Não há nada como no final do trabalho árduo ver o sorriso das pessoas por
gostarem daquilo que produzimos para elas. Ser estilista é também ser-se
artista e tudo que é feito com a alma não cansa. Hoje, graças a Deus, atingimos
um patamar em que nos é possível descentralizar o trabalho.
Recentemente teve a infelicidade de ver e ter a sua loja demolida. Quais foram as reais razões para a sua demolição?
Eu pretendia
fazer obras de melhoria na minha loja que está aberta há quatro anos, a fim de
dar mais prestígio a marca mas pequei por não ter solicitado uma licença para
obras, contudo, esperava por um tratamento mais humano. Fui surpreendido com a
demolição sem aviso prévio da minha loja.
Como reagiu ao ocorrido e qual foi o seu
primeiro pensamento mal tomou conhecimento?
Eu tenho o autodomínio,
contudo senti-me humilhado e de alma dilacerada. Eu tenho trabalhadores que
diariamente dão tudo de si para a marca ser o que é hoje e precisam deste
trabalho pois têm as suas famílias. Contactei o Departamento de Fiscalização de
Obras e todos alegaram que receberam ordens superiores vindas da Comissão
Administrativa de Luanda.
Há aproximadamente uma semana tivemos o
conhecimento de que a loja Allex Kangala está novamente aberta ao público.
Sente-se mais fortalecido após ultrapassar o ocorrido?
Na verdade nada
foi ultrapassado. Estou hoje a fazer uso de uma parte da loja que não foi afectada,
com pouco mais de 8m². Estamos a trabalhar em condições extremas mas nada mais
nos resta a não ser fazê-lo neste momento e nestas condições.
Qual é a maior lição que aprendeu desde
a abertura da sua empresa?
Aprendi
que devemos ser acima de tudo íntegros, dedicados e respeitar Jesus Cristo, os
homens e a vida.
O que gostaria de alcançar antes do
final do ano?
Antes de
qualquer outro desejo, imploro que me seja ressarcida a totalidade da minha
loja, bem como gostaria que me concedessem um financiamento para a abertura de
uma pequena indústria de confecção pois produzir em Itália, comprar o material
no estrangeiro, a transportação, o desalfandegamento, acabam por encarecer o
produto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário