25.7.14

Carrega por Acelga Esteves


Acelga Esteves é uma angolana proprietária do blog Carrega by Ac. Além de blogueira, Acelga é formada em Direito e pós graduada em Petróleo e Gás e oferece serviços de Consultoria de Imagem e Estilo, orientando as pessoas de forma directa e personalizada a desenvolverem a sua imagem, sem abrirem mão do seu estilo pessoal. Uma eterna apaixonada pela moda, ela partilha diariamente no seu blog os seus maravilhosos looks do dia, bem como todo o conhecimento que tem sobre esse mundinho cor-de-rosa.

Texto:  Jurema Ramos
www.aspiracaodosublime.blogspot.com


Como surgiu a ideia de criar e escrever num blog de moda?

A falta de blogs angolanos, a minha curiosidade pela moda e a minha viagem com o propósito de estudo para o Brasil influenciaram-me a criar o blog. Em 2012, estudava em uma universidade federal brasileira que entrou em greve por aproximadamente seis meses. Durante este tempo, aconselhada por um amigo meu brasileiro, reabri uma página que tinha no Facebook e criei um blog no site Wordpress ambas com o nome Carrega by Ac.

Onde busca inspiração para os seus posts e looks do dia?

Tudo me inspira e é uma pena não ser designer. Não existe para mim nada melhor do que a moda das ruas, ela é perfeita, há uma grande diversidade de estilos. Ser blogueira é aprender diariamente e ser-se muito observadora e isso ajuda-me muito. Sempre fui autodidata, trabalho também como consultora de moda mas um ano apos ter aberto o blog é que fiz o primeiro curso relacionado a moda.




















Na sua opinião, qual é a importância dos blogs no mundo da moda?

A importância dos blogs é inquestionável, a sua existência é visível e cada vez mais necessária. São meios de informação rápida e grátis. As blogueiras estrangeiras trabalham com marcas, com os estilistas, criam colecções fast fashion e muitas mais coisas e estes grandes profissionais confiam no trabalho delas. Os blogs de moda exercem uma grande influência no modo de compra da sociedade e até mesmo as revistas de moda precisam de nós.

Os blogs de street style sobrevivem da indumentária diária dos habitantes ou ainda frequentadores de determinado lugar. Olhando para as ruas e noites de Luanda, é possível ter-se um blog inteiramente angolano?

Infelizmente não. Digo isso porque as pessoas que trabalham com moda em Angola primam mais pela quantidade do que pela qualidade. Não tenho pretensão de ofender ninguém mas cá as pessoas auto dominam-se ‘’fashion’s’’ sem o ser. Há ainda pessoas que pensam que por terem comprado uma peça que esteja na moda, automaticamente tornam-se fashion. É um absurdo! As pessoas cá não têm noção de que a roupa deve ser vestida de acordo com o clima e a ocasião. É muito difícil obter-se um bom street style.

No estrangeiro ser-se blogueira é uma profissão que garante um excelente retorno financeiro. O que falta para em Angola atingirmos o mesmo patamar?

Primeiramente a mudança de mentalidade e a pouca valorização do angolano no seu próprio país. Entretanto, a maior parte das ‘’blogueiras angolanas’’ que conheço têm os seus blogs em inglês e voltados para a moda internacional ou seja, não são blogs angolanos por mais que elas sejam angolanas e as pessoas têm de prestar atenção a esses detalhes. As pessoas não veem a vantagem de trabalhar como blogueira pois elas mesmas não querem ver. 

A moda internacional hoje gira em torno delas porque elas influenciam no modo de compra das pessoas. Diariamente várias pessoas escrevem-me a pedir indicações de lojas pois querem comprar as roupas que uso. Para atingirmos o patamar estrangeiro seria bom que as lojas e os estilistas nacionais colaborassem com as blogueiras.

Quais são as suas personalidades favoritas dos blogs de moda?

Gosto imenso da Camila Coutinho, Constanza Fernandez, Wilma Moisés, Chiara Ferragni e da Nicole. Quanto as fashionistas amo a Olívia Palermo e a Cláudia Santos.

Como avalia o mercado actual da moda em Angola?

O mercado da moda em Angola está muito atrasado, as pessoas dizem que não mas está. Temos eventos de moda que não ditam tendências e por isso temos que reflectir. Somos totalmente influenciados pela moda internacional assim como tantos outros países do mundo mas não sabemos adaptar essa influência a nossa realidade. Atribui-se o termo fashionista a qualquer pessoa desde que tenha a bolsa que ‘está na moda’. Ainda há muita confusão entre a nossa realidade e a realidade estrangeira e a moda precisa de autenticidade. 

A prova disso é que só se começou a usar o african print por influência da moda internacional e ainda assim com panos e mão-de-obra barata nacional as pessoas estão a preferir comprar a coleção african print que saiu na Zara. As pessoas têm de aprender a fazer historia e não apenas reclamar da realidade. Para mim o normal é ser diferente, por isso no meu blog luto para quebrar esse tabu e o mais importante é valorizar o que há em Angola porque temos muita coisa boa. 

Quanto aos estilistas angolanos de uns tempos para cá estão a sair da era do ‘’copy past’’ para a ‘’inspirada em’’. As estilistas Rose Palhares e Soraya da Piedade deixam-me boquiaberta, são muito boas, também existem pessoas com trabalhos lindíssimos e que estão há muito tempo no mercado como a estilista Elisabeth Santos. 

O segredo não é reclamar mais dar-se mais atenção ao que há de bom dentro do nosso país, querem coisas boas então ajudem a concretiza-las. Que o angolano comece a comprar sapatos do angolano e não os do Zanotti, que compre t-shirts do angolano e não apenas as da Givenchy e aos que trabalham com moda que estudem mais sobre marketing porque o cliente não irá comprar só pelo simples facto de quererem vender. 

Com tudo isso bem feito passaremos do nada para o equilíbrio e de lá para melhor e já não será uma questão de tempo.

Que futuro prevê para o ‘’Carrega’’?   
   
O Carrega by Ac é para mim a realização de um sonho de infância (trabalhar com moda). Ele é como um filho e como toda mãe que se preze, desejo ver o meu filho crescer saudável e que tenha um futuro formidável pois as bases para tal estão a ser criadas.


Visite: Carrega by AC

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