24.7.14

De regresso a era d’Ouro


Desculpem-me pelo atraso na publicação do texto aqui no blog, contudo para quem não leu a revista, cá vai.

Realizou-se nos dias 26, 27 e 28 de Junho mais uma edição do Angola Fashion Week no Centro Recreativo Paz Flor. Esta 14ª edição com o tema Diamante angolano, brindou os amantes da moda angolana com o melhor que há da moda no país.

Texto: Jurema Ramos
www.aspiracaodosublime.blogspot.com

Fotos: Angola Fashion Week (facebook page)
           PlatinaLine
           Nelson Silvestre (ph)



ERA D’OURO
Já lá vão 14 anos desde a realização da primeira edição da semana de moda angolana e após a venda do evento para a empresária angolana Emília de Morais, o maior evento de moda do país perdeu o seu prestígio. Após tentativas de ressurgir das cinzas, eis que nesta 14ª edição, a semana de moda angolana regressou a era de ouro, reclamou o seu título e sim, é o maior evento de moda do país.

O CONJUNTO
A empresa brasileira Cia. Paulista de moda foi convidada a participar na produção do evento, desde a direcção criativa, ao styling, o que gerou um grande e bom investimento por parte dos proprietários do evento. Um grande número de fotógrafos e outros profissionais da moda brasileira colaboraram para a realização deste evento que com certeza marcará a história da moda angolana. Maria Borges e Sharam Diniz marcaram presença nesta edição e demonstraram na passarela a alegria que sentem em desfilar na sua terra natal. 

OS ESTILISTAS NACIONAIS VISTOS PELO RAIO X

ALEX KANGALA: O estilista especialista em trajes de gala masculino apresentou uma colecção de ternos masculinos de excelente qualidade, uma colecção sóbria mas que infelizmente aparentou ser a junção de vários pedaços de colecções passadas pela inexistência de coesão nas suas peças.





















ANA LOYD: Após um ano afastada, a estilista volta a marcar presença no evento com uma colecção recheada de cor como já nos acostumou. Amante dos corpetes, a estilista adaptou-os em diferentes peças de roupas de certa forma criativas mas o exagero de cortes, cores e adereços tornou-a numa colecção não muito harmoniosa.



DIDI: Excêntrico, contudo, no meio de muitos bons estilistas, mesmo que sem conhecimentos aprofundados de moda, é possível perceber-se o circo que foi o seu desfile. Sim, o estilista é livre de criar e apresentar o que bem entender, contudo, é uma ofensa para o público ver metros de Organza não alinhavados, amarrados e desfiados a desfilarem quando pretendiam assistir ao desfile de uma colecção bem feita. Na verdade, existe somente um John Galliano!





















LAUDS: A modelo Arleth Karina estreou-se nesta 14ª edição como estilista e apresentou uma colecção que transmite o seu gosto pessoal, como se cada peça fosse inspirada em si mesma. A ideia das mascaras usadas pelas modelos mostrou que a modelo tentou ser criativa, mas está ultrapassada uma vez que o ano passado, pelo mundo muitos criadores fizeram o uso destas. 




















FIU NEGRO: Famosa pelo seu estilo citadino, a estilista apresentou uma colecção coesa com base na não cor preta, combinada com um pano africano de estampa sóbria e limpa. Os adereços foram muito bem escolhidos, enquadravam-se no contexto e evidenciaram o bom gosto da estilista. A coleção apresentava cortes descomplicados, mas não menos elaborados. O conforto, tendência vista já em desfiles internacionais, é visível em todos os looks.  




















ZAMIA: A estilista apresentou uma das mais belas colecções desta edição. A colecção apresentada por Denise revela as duas faceta facetas de uma mesma mulher que durante o dia anda no corre-corre do trabalho, sem perder a sua majestade e que a noite gosta de se divertir e estar glamourosa. Acabamentos perfeitos, materiais de boa qualidade, domínio de excelentes técnicas de costura e acima de tudo bom gosto, resumem a colecção da estilista e deixa-nos com um gostinho de quero mais.




















MAHATMA’S: A estilista arriscou-se em trazer a transparência para a passarela quando ela já estava a ser esquecida pela moda (vivemos o ano de 2013 a rebentar de transparências que pensei que já não fosse suporta-la este ano). A estilista apresentou-se pela primeira vez no evento após anos longe das passarelas e apresenta uma colecção mais coesa, madura e bem desenvolvida em comparação a sua última colecção apresentada no Moda Luanda 2011. 





















ZHOLLA TOMÁS: Arquitecta de formação e estreante no mundo da moda, a estilista levou a passarela uma colecção glamourosa que remete a actriz Audrey Hepburn (vestidos pretos, saias godês, calças justas). O casamento entre o preto e o branco e a aplicação de pormenores de pérolas nos decotes e golas das roupas revelaram a delicadeza da estilista. Uma colecção feminina, romântica e intemporal muito bem conseguida e de leitura fácil e limpa. Afinal qual é a mulher entendida de moda que não gostaria de ser feminina à la Audrey  Hepburn?





















SORAYA DA PIEDADE: Fiel as suas clientes, Soraya mostra cada vez mais o seu lado festivo. Embora tenha ficado na sua zona de conforto com cortes já vistos em outras épocas, mostrou-se mais madura com criações pés no chão e prontas para serem desfiladas nos eventos mais elegantes, somada a uma boa cartela de cores. A estilista aproveitou o evento para lançar a sua linha de acessórios com pochetes must have.





















HAVA: Uma das grandes batalhas dos novos estilistas é descobrir e impor no mercado o seu cunho pessoal. Olhando para a ainda curta trajetória da estilista Hassie Oliveira é difícil apurar o seu gosto e até mesmo saber para quem desenha. O desfile contou com algumas peças bem conseguidas individualmente.





















CARLA SILVA: Apresentou roupas para mulheres com personalidade forte e que se adequam perfeitamente desde festas de gala aos shows de rock. A estilista apostou na modelo Karina Silva para abrir o seu desfile, que transmitiu a energia que o público precisava. Vestido vem, vestido vai, a marca precisa de inovar alguns aspectos para não ficar presa no tempo.





















NADIR TATI: A estilista angolana mais bem estabelecida e defensora do ‘’estilo africano’’. Embora conheça bem o seu público-alvo, a colecção apresentada foi de longe a melhor que a estilista já apresentou. Na sua primeira tentativa de mostrar o seu lado masculino mais esportivo, a estilista tentou ser moderna, quando na verdade foi o passado a querer ser o futuro.  






















MARA RAMOS: Uma alternativa para quem busca por roupas diferenciadas para o dia-a-dia, Mara Ramos se estabelece como uma das marcas mais citadinas da época, contudo ainda procuro pelo factor ‘’Q’’ da marca.





















Três hurras a Fénix que é o Angola Fashion Week, que mesmo apesar dos atrasos, algumas falhas bastante óbvias não estiveram a quem das espectativas.
Acredito que seria bom acrescentarem os dias dos desfiles pois torna-se cansativo para o público passar horas a fio sentados a apreciarem mais de 40 peças por noite. Só nos resta esperar pelo próximo ano e rezar para que mantenham ou elevem o nível apresentado este ano.

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