31.3.12

Quando A Gordura Ainda É Formosura


A muito que gordura não é formosura e cada vez mais a magreza torna-se sinónimo de fineza e isto não é de hoje, remota aos anos 60, com o surgimento da modelo britânica Twiggy, considerada a primeira top model do mundo com sua imagem quase andrógina, magérrima, com 1 m,67 cm de altura, pesando 42 kg e com as medidas 82-59-82, cabelos loiros muito curtos e olhos realçados com excessivas camadas de rímel nos tão bem postos cílios postiços. 


Twiggy tornou-se bastante conhecida e veio a contrapor a imagem modelo da mulher voluptuosa e sensual que prevaleceu até aos anos 50 como Marilyn Monroe.

Nos dias de hoje, esse modelo de beleza feminina tem ganhado cada vez mais adeptas mas não basta ser magérrima, tem que se ter um corpo magérrimo e bonito.

A indústria da moda vendeu uma errada ideia de que a gordura é horrível, enquanto que no Renascimento, ser redonda significava  abundância e riqueza e hoje magreza virou sinónimo de distinção social, status.

Diariamente ouvimos termos como Anorexia Nervosa, Bulimia, Drunkorexia, Diabulimia. Várias telenovelas brasileiras debatem cada vez  mais esses termos e doenças e já se sente a preocupação da sociedade quanto a esses distúrbios alimentares.

Infelizmente, algumas musas de Hollywood e entendidos em moda, desobedecem as ordens médicas e apostam nesse visual e nos maxi-emagrecimentos, não só para não perder gorduras, como também curvas, sensualidade e um look sádio e natural.

O mercado internacional da moda, vem cada vez mais mostrar um protótipo de beleza da mulher africana magra, fazendo desfilar modelos negras e de origem africana, a meu ver, para incentivar o elevado número de mulheres africanas a acatarem essa imagem como o potencial de beleza e torna-las consumistas dos seus produtos, uma vez que a mulher africana (no geral) é naturalmente voluptuosa e transmite a imagem saudável a muito perdida.

 Angola já teve a sua onda de modelos e pessoas anorécticas -  A MODA ESTÁ DE VOLTA - embora N mulheres ainda prime por uma boa ida ao ginásio para ganharem massa corporal e tonificarem os músculos para se tornarem nas tipicas ''brasileiras'' muito em voga hoje em dia.

Fala-se muito de anorexia e tudo mais, até de compulsão alimentar, inventam nome para tudo e onde ficam as mulheres ou pessoas que têm pavor a magreza mas que por natureza o são e fazem de tudo para engordar?
Será que estas não merecem a atenção da sociedade ou não apresentam nenhum motivo de preocupação?

Em Angola, tal como no resto do continente (principalmente a África Negra), mulher que é mulher tem que ter curvas e é chamada de ''boazuda''.

Eu confesso que já tive problemas em aceitar a minha magreza durante a adolescência.
Tal como as pessoas que querem a todo o custo emagrecer, eu quis a todo o custo engordar e tomei de tudo.

Estava completamente obcecada por esse padrão que a sociedade africana impõe e estive profundamente descontente comigo, com o meu corpo esguio por natureza.

Devo confessar, que a minha entrada para o mundo da moda ajudou-me a lidar com o problema.
Em parte essa imagem de ''palito'' também ajuda pessoas que encontram-se abaixo do peso a gostarem mais de si (não por ser a imagem universal padrão, mas sim por nos fazer pensar que afinal não somos as únicas e podemos a nossa maneira sermos bonitas sim!).

Eu, particularmente gosto das modelos magras, entendam MAGRAS, bem ao estilo Gisele Bunchen, Agnes Deyn, Cindy Crowford (nos seus tempos de glória), elas são lindas e tudo lhes cai bem!

Em um recorte (meu!) do semanário Agora, do dia 21 de Agosto de 2004 na página sociedade vários testemunhos de angolanas anorécticas foram publicados, de forma a desmistificar um assunto importante e ignorado na época cá no país.

A CEO de uma das maiores agências de modelos angolana,Karina Barbosa, disse para o mesmo jornal:

''Não gosto de manequins muito magras e secas. Acho deselegante, mesmo nos desfiles não fica bem e os estilistas não gostam. Nós procuramos dentro dos padrões universais adaptar ao estilo do corpo da mulher africana e angolana, que é um corpo voluptuoso. Tem de ter uma boa anca, o seu rabiosque e um peitozinho.''

Tatiana Durão, uma das ex modelos mais in da agência Step Models (angolana).


A top angolana Karina Silva, também ex modelo da Step.

Elsa Baldaia, Roberta Narciso, Sharam Dinis, Adélia Cachimano, Ludvânia Almeida, Maria borges (em ordem e nas fotos abaixo), são hoje as propostas angolanas para o mercado internacional da moda.


Elsa Baldaia, Roberta Narciso, Sharam Dinis


Adélia Cachimano, Ludvânia Almeida, Maria borges


África, estava a desligar-se desse padrão de beleza voluptuoso e pensei que com o surgimento das modelos ''PLUS SIZE'', a cena tomaria outro rumo, embora com a tentativa da estilista Prudenciana Ndayola em formar a Traços e Curvas, a cena não mudou  (embora eu ache que deveriam também apostar na internacionalização das modelos xxs) e para mim é uma pena enorme esse projecto ter morrido.


Logotipo da agência Traços e Curvas (Plus Size)


Daneia Lobo modelo Plus Size da Traços e Curvas


 Andrea Pompílio também modelo da Traços e Curvas

Em Angola, as agências precisam infelizmente deixar-se influenciar por essa imagem esguia das suas modelos para se poderem internacionalizar.


Casting para modelos grandes

Muito recentemente no país, a loja para tamanhos grandes Luanda Fashion Center, organizou um casting para modelos plus size para provar que as ''gordinhas'' também enfeitam as passarelas e que podemos sim comprar um novo refrigerante em que uma modelo plus size é a cara do spot.

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