Da adoração dos
sambapitos na tenra idade ao contacto com a internet, nasce o blog Fashion
Sambapita da angolana Wilma Nicole Rossana Moisés. Actualmente a finalizar o
curso de Comunicação Aplicada ao Marketing, Publicidade e Relações Públicas e a
estagiar nos departamentos de comunicação da Jaguar & Land Rover, Wilma é
uma referência no mercado da moda e dos bogs em Angola, ela não só é daquelas
as quais o estilo, a cultura e a elegância transcendem quaisquer tendências.
Afinal, a moda está no seu DNA.
Texto: Jurema Ramos
www.aspiracaodosublime.blogspot.com
Hoje é uma referência em moda para muitas seguidoras
por Angola e pelo mundo. Como é ter essa responsabilidade?
Eu vejo-me como
uma moça que gosta muito daquilo que faz, acho que isso é essencial, existe uma
citação que me aparece recorrentemente mencionando “Faz o que amas e não terás que
trabalhar um dia da tua vida”.
Quando desenvolvo algo criativo com moda é isso que
sinto. No início comecei a minha actividade como ‘’blogger’’ apenas para poder
ter um espaço aonde poderia consultar as temáticas que me interessa, portanto
espanta-me todos os dias a atenção e o carinho das pessoas. Foco-me apenas em
transmitir aquilo em que acredito e acho que o resto Deus dá um jeitinho.
De que forma a moda fazia parte da sua vida antes do
blog se tornar numa referência?
A moda sempre
fez parte da minha vida, desde tenra idade desenvolvi uma adoração pela arte de
adornar o meu corpo com peças que achava que diziam aquilo que a minha boca não
podia, é uma maneira de me expressar.
Hoje há um número considerável de blogueiras de moda
angolanas. O que falta para se conseguir o mesmo estatuto das blogueiras
estrangeiras?
Tecendo uma
comparação com o exemplo que nos é mais próximo, as blogueiras brasileiras,
elas têm como base principal os seus seguidores ou seja as próprias mulheres
brasileiras.
Penso que o acesso a internet e a interação multimédia de um
público que é insaciável por essas temáticas determina em muito a elevação
desse estatuto. Porém não podemos deixar que a base dos seguidores determine o
tipo de ‘’blogger’’ que nos queremos tornar, até porque no meu exemplo os meus
seguidores estão mais espalhados pelo mundo do que propriamente no território
aonde resido.
Solidificar uma base forte no nosso país, interagir com o resto
dos países africanos e desempenhar as funções num palco mundial, visto que as
próprias semanas de moda se distribuem pela Europa, como é o caso de Milão,
Paris, Londres, penso serem algumas pistas que poderão trazer notoriedade as
mesmas.
O blog Fashion Sambapita é quase que uma Bíblia
moderna de estilo. Como é que o mantém actualizado?
Eu acho que o
que faz com que se mantenha actualizado é o prazer que me dá pesquisar pelos
novos temas, novos artistas, pessoas que têm uma visão arrojada e diferenciada
sobre a estética e apresentar isso aos meus seguidores. Existem muitos blogs de
moda, apenas ofereço referências culturais, procuro me informar a fundo e
sintetizar a informação, de modo a não se tornar saturante.
Há alguns anos que reside em Portugal e os seus
posts provam que tem uma relação apurada com o estilo europeu. Com toda essa
experiência, quais são as diferenças e semelhanças que há entre o estilo das europeias
e o das angolanas?
Acho que a
principal diferença entre o estilo europeu e o angolano permanece no volume. A mulher
angolana é uma mulher arrojada que enaltece e glorifica as suas formas, não tem
qualquer tipo de pudor em exibir aquilo que considera serem as formas bonitas
da mulher africana. Enquanto a europeia (dependendo do país) é mais discreta,
acabando por prestar atenção nos detalhes. Mas todos esses factores voam pela
janela quando se pensam naquelas que são os principais determinantes na vida de
qualquer mulher: corpo, situação social e ambiente laboral. Tudo isto determina
fortemente o tipo de moda desenvolvido e as restrições com que se pode ou não
brincar.
Se pudesse definir um lema para a sua vida,
relacionado a moda qual seria?
Sermos a melhor
versão possível de nós mesmos. Em moda este lema traduz-se em estamos sempre o
mais apresentável possível. (In)conscientemente somos julgados antes mesmo de
mencionarmos uma palavra pelo nosso aspecto, esta é uma verdade universal.
Nenhum ser humano consegue se relacionar, sem ter uma filiação com a moda. E
acho que mantermos aquilo que consideramos o melhor de nós visível ajuda
sempre. Porque quando nos sentimos bem, fazemos tudo o resto bem, seja ao
cuidar dos nossos filhos e irmãos, como ir trabalhar.
Estamos na semana do Angola Fashion Week. Como compara a nossa semana de moda às de Nova Iorque, Londres, Milão e Paris?
Acho que se
torna sempre uma opinião injusta e imparcial quando se delineiam esse tipo de
comparações, não por falta de criatividade ou capacidade intelectual mas pela
gestão de investimentos e meios feitos nas semanas internacionais.
O factor
decisivo e distintivo para a semana de moda angolana consta no efeito surpresa,
na beleza que existe em se conseguir comunicar numa indumentária a nossa
tradição, costumes, mantendo simultaneamente uma visão moderna e cosmopolita.
São esses os valores que se vêm quando assistimos em qualquer palco
internacional a desfilarem embaixadoras como Maria Borges ou Sharam Diniz, ou
mesmo a jovem Amilna Estevão, mulheres que são para mim a personificação da
“pantera negra”.
Quais são as mulheres que a inspiram e que acredita
serem boas referências de estilo e personalidade?
Gosto de
mulheres com missões e talentosas. A lista seria grande mas a russa Miroslava
Duma, Erykah Badu, Grace Jones, Solange Knowles, FKA Twigs, Esperanza Spalding
e Diana Ross para mencionar algumas, porque a lista é infindável.
Onde pretende chegar como blogueira?
Pretendo acima
de tudo que o blog cresça e me coloque em contacto com as pessoas que me
inspiram, não há nada mais gratificante do que poder interagir com o objecto da
nossa pesquisa, felizmente já consegui conhecer algumas das personalidades que
admiro. Desenvolver futuras parcerias e quem sabe algum dia poder passar o
testemunho de tudo aquilo que aprendi com esta aventura.
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