Acelga Esteves é
uma angolana proprietária do blog Carrega by Ac. Além de blogueira, Acelga é
formada em Direito e pós graduada em Petróleo e Gás e oferece serviços de
Consultoria de Imagem e Estilo, orientando as pessoas de forma directa e
personalizada a desenvolverem a sua imagem, sem abrirem mão do seu estilo
pessoal. Uma eterna apaixonada pela moda, ela partilha diariamente no seu blog
os seus maravilhosos looks do dia, bem como todo o conhecimento que tem sobre
esse mundinho cor-de-rosa.
Texto: Jurema Ramos
www.aspiracaodosublime.blogspot.com
Como surgiu a ideia de criar e escrever num blog de
moda?
A falta de blogs
angolanos, a minha curiosidade pela moda e a minha viagem com o propósito de
estudo para o Brasil influenciaram-me a criar o blog. Em 2012, estudava em uma
universidade federal brasileira que entrou em greve por aproximadamente seis
meses. Durante este tempo, aconselhada por um amigo meu brasileiro, reabri uma
página que tinha no Facebook e criei um blog no site Wordpress ambas com o nome
Carrega by Ac.
Onde busca inspiração para os seus posts e looks do
dia?
Tudo me inspira
e é uma pena não ser designer. Não existe para mim nada melhor do que a moda
das ruas, ela é perfeita, há uma grande diversidade de estilos. Ser blogueira é
aprender diariamente e ser-se muito observadora e isso ajuda-me muito. Sempre
fui autodidata, trabalho também como consultora de moda mas um ano apos ter
aberto o blog é que fiz o primeiro curso relacionado a moda.
Na sua opinião, qual é a importância dos blogs no mundo da moda?
A importância
dos blogs é inquestionável, a sua existência é visível e cada vez mais
necessária. São meios de informação rápida e grátis. As blogueiras estrangeiras
trabalham com marcas, com os estilistas, criam colecções fast fashion e muitas
mais coisas e estes grandes profissionais confiam no trabalho delas. Os blogs
de moda exercem uma grande influência no modo de compra da sociedade e até
mesmo as revistas de moda precisam de nós.
Os blogs de street style sobrevivem da indumentária
diária dos habitantes ou ainda frequentadores de determinado lugar. Olhando
para as ruas e noites de Luanda, é possível ter-se um blog inteiramente
angolano?
Infelizmente
não. Digo isso porque as pessoas que trabalham com moda em Angola primam mais
pela quantidade do que pela qualidade. Não tenho pretensão de ofender ninguém
mas cá as pessoas auto dominam-se ‘’fashion’s’’ sem o ser. Há ainda pessoas que
pensam que por terem comprado uma peça que esteja na moda, automaticamente
tornam-se fashion. É um absurdo! As pessoas cá não têm noção de que a roupa
deve ser vestida de acordo com o clima e a ocasião. É muito difícil obter-se um
bom street style.
No estrangeiro ser-se blogueira é uma profissão que
garante um excelente retorno financeiro. O que falta para em Angola atingirmos
o mesmo patamar?
Primeiramente a
mudança de mentalidade e a pouca valorização do angolano no seu próprio país.
Entretanto, a maior parte das ‘’blogueiras angolanas’’ que conheço têm os seus
blogs em inglês e voltados para a moda internacional ou seja, não são blogs
angolanos por mais que elas sejam angolanas e as pessoas têm de prestar atenção
a esses detalhes. As pessoas não veem a vantagem de trabalhar como blogueira
pois elas mesmas não querem ver.
A moda internacional hoje gira em torno delas
porque elas influenciam no modo de compra das pessoas. Diariamente várias
pessoas escrevem-me a pedir indicações de lojas pois querem comprar as roupas
que uso. Para atingirmos o patamar estrangeiro seria bom que as lojas e os
estilistas nacionais colaborassem com as blogueiras.
Quais são as suas personalidades favoritas dos blogs
de moda?
Gosto imenso da
Camila Coutinho, Constanza Fernandez, Wilma Moisés, Chiara Ferragni e da Nicole.
Quanto as fashionistas amo a Olívia Palermo e a Cláudia Santos.
Como avalia o mercado actual da moda em Angola?
O mercado da
moda em Angola está muito atrasado, as pessoas dizem que não mas está. Temos
eventos de moda que não ditam tendências e por isso temos que reflectir. Somos
totalmente influenciados pela moda internacional assim como tantos outros
países do mundo mas não sabemos adaptar essa influência a nossa realidade.
Atribui-se o termo fashionista a qualquer pessoa desde que tenha a bolsa que
‘está na moda’. Ainda há muita confusão entre a nossa realidade e a realidade
estrangeira e a moda precisa de autenticidade.
A prova disso é que só se
começou a usar o african print por influência da moda internacional e ainda
assim com panos e mão-de-obra barata nacional as pessoas estão a preferir
comprar a coleção african print que saiu na Zara. As pessoas têm de aprender a
fazer historia e não apenas reclamar da realidade. Para mim o normal é ser
diferente, por isso no meu blog luto para quebrar esse tabu e o mais importante
é valorizar o que há em Angola porque temos muita coisa boa.
Quanto aos
estilistas angolanos de uns tempos para cá estão a sair da era do ‘’copy past’’
para a ‘’inspirada em’’. As estilistas Rose Palhares e Soraya da Piedade
deixam-me boquiaberta, são muito boas, também existem pessoas com trabalhos
lindíssimos e que estão há muito tempo no mercado como a estilista Elisabeth
Santos.
O segredo não é reclamar mais dar-se mais atenção ao que há de bom
dentro do nosso país, querem coisas boas então ajudem a concretiza-las. Que o
angolano comece a comprar sapatos do angolano e não os do Zanotti, que compre
t-shirts do angolano e não apenas as da Givenchy e aos que trabalham com moda
que estudem mais sobre marketing porque o cliente não irá comprar só pelo
simples facto de quererem vender.
Com tudo isso bem feito passaremos do nada
para o equilíbrio e de lá para melhor e já não será uma questão de tempo.
Que futuro prevê para o
‘’Carrega’’?
O Carrega by Ac
é para mim a realização de um sonho de infância (trabalhar com moda). Ele é
como um filho e como toda mãe que se preze, desejo ver o meu filho crescer
saudável e que tenha um futuro formidável pois as bases para tal estão a ser
criadas.
Visite: Carrega by AC
Muito obrigado :D e que continue com esse trabalho super carregado :D
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