15.4.12

Conversa Furada Com Coy


O Conversa Furada Com... desta semana é com o fotografo Coy. Gosto tanto do site e das fotos dele que resolvi escrever propondo uma entrevista. Ele, sempre muito gentil, respondeu rapidamente aceitando o convite e compartilho com vocês:

''Alcunha desde os primórdios da escola... coyote... o diminutivo... coy... que, curiosamente, foi uma senhora velhinha que se virou para mim um dia e chamou-me de "coy"... fiquei fã dela... gostei desse diminutivo e ficou...''
Coy Photographer 



·         Porquê e quando escolheu ser fotógrafo?

Basicamente desde a infância. Tinha uma pequena máquina de rolo e entretia-me a fotografar. Mais tarde, na adolescência descobri a minha paixão principal: fotografar rostos, gentes, culturas. A fotografia tem imenso significado para mim porque é com ela que se consegue eternizar momentos e deixar registos da historia, de locais, de pessoas que nunca se irão apagar.


A busca pela foto ideal

·   Que fotógrafos lhe servem de inspiração? De algum modo o trabalho destes fotógrafos têm influenciado no seu trabalho?

Imensos fotógrafos. Destacaria três, por desenvolverem formas de fotografar diferentes:
Ana Dias, fotografa portuguesa, que tem uma criatividade única. Ela desenvolve muito o estilo pin up (e não só) e isso motivou-me a estudar a moda, a fotografia e expressões dos anos 50-80.

Emily Soto, fotografa da Moda. Admiro os editoriais de moda fotografados por ela, principalmente o estilo das cores, tornando as fotografias românticas e a forma como ela configura a máquina para fotografar. Para mim, uma fotografia de moda que passe romantismo é inspirador...

Francesco Zizola, foto jornalista italiano, por viajar pelo mundo e fotografar momentos únicos, marcantes, de locais, gentes, rostos, revelando um olho invejável. Ao entender a fotografia que ele faz, comecei a olhar para o que me rodeia doutra forma.



 É a favor ou contra a manipulação digital de imagens? Porquê?

Claramente a favor. A manipulação de imagens sempre existiu: na época do analógico era feita nos estúdios de revelação, por processos químicos. Hoje, na era digital, fazemos isso num computador com inúmeros programas. No entanto, sou a favor que a fotografia deve ser bem tirada no momento do ‘clic’. Não faz sentido tentar usar a manipulação digital para fazer dum mau registo, alguma coisa que se veja. Fotografia é brincar com a luz e não com o programas de edição.

·    Boa parte dos fotógrafos foca o seu trabalho em alguma área específica, como foto jornalismo, fotografia de moda, fotografia de paisagens e etc. Como define o seu trabalho actualmente?

A minha atenção está direccionada para a fotografia de moda. Algo que pretendo mudar em breve e dedicar-me, gradualmente, mais ao que me fez começar a fotografar: gentes e locais. Quero retornar aos tempos iniciais.


Não sei porquê mas eu gosto muito dessa fotografia (talvez pelo equilíbrio das cores. Não sei!) 


·      De que modo a sua bagagem cultural e o modo como enxerga o mundo o influenciam na hora de captar as imagens? 

Um dia ouvi dizer que se pode enviar muitos fotógrafos para o mesmo lugar e ainda assim todos trarão fotografias diferentes. O ponto é esse: cada fotografo tem sua sensibilidade para fotografar. A fotografia é um acto de solidão, em que os olhos do fotografo são moldados pela sua forma de sentir, suas paixões e gostos. No fundo, é o que sentimos que conta no momento de captar a imagem.

Palavras para quê?

Serra- da- Leba (Huíla/ Angola)

As nossas crianças...

Como avalia a fotografia desenvolvida em Angola? Qual é a tua opinião com relação aos inúmeros editoriais de moda desenvolvidos no país?

Há falta de conhecimento do que é feito em Angola. A população, não sabe o que é feito cá. Não sabe que fotógrafos existem aqui e que por décadas têm registado com qualidade a historia deste pais. Não sabem igualmente o que é feito actualmente. Ainda se olha para o fotografo amador ou um fotografo freelancer de ‘lado’ e com desconfiança. A fotografia tem que fazer parte da cultura dum país. A verdade é que há qualidade em Angola nesta área. Não se pode é usar a ignorância para dizer que os trabalhos têm que ser feitos no estrangeiro porque aqui não se encontra qualidade. Se tão somente pesquisassem, perceberiam que há. Mas, como tudo na vida, é um processo evolutivo.
Quanto à minha opinião sobre os supostos inúmeros editoriais de moda, bem, acredito que ainda há um longo caminho a percorrer. No entanto, no meu ponto de vista, nos últimos dois anos houve uma evolução interessante. Mas, o caminho nesta área (editoriais de moda) ainda é longo.


Editorial para a revista angolana Chocolate

·         De onde partiu a ideia da Feira da Fotografia? E qual tem sido o balanço ao fim de cada edição?

Bem, o Mercado da Fotografia, é uma iniciativa do grupo AF Angola (Amigos da Fotografia Angola) que é composto por fotógrafos amadores e profissionais. O objectivo do grupo com esta iniciativa é mostrar alguns dos trabalhos que são feitos por cá e que são lindíssimos. De certa forma, por se expor fotografias num local publico tornamos a cidade mais interactiva, mais cultural e vamos sensibilizando as pessoas para a arte de fotografar, mostrando que o fotografo desenvolve uma arte importante. Até agora, o feedback da primeira e segunda edição do mercado da fotografia têm sido muito positivo, não apenas pelas visitas das pessoas ao mercado, mas também pela cobertura dos media e a compra de fotografias por parte dos visitantes.

Um olhar sobre o Mercado da Fotografia

O trabalho de Coy presente no segundo Mercado da Fotografia


·         Qual foi o ponto mais alto da sua carreira?


A maravilha está nos detalhes de cada coisa

 Trabalha com moda desde o início da sua carreira? Como começou essa relação?

Não. Comecei-me a dedicar à fotografia de moda faz cerca de quatro anos. Talvez por eu achar que é uma área onde posso criar. Além disso, o trabalho dentro de estúdio fascina-me por dar-me a oportunidade de explorar a luz artificial. Gosto da interacção que tem que haver entre a (o) modelo e o fotografo, o planeamento feito pela equipa para se fazer qualquer trabalho de moda.

Sessão fotográfica com Jay Silva

Sessão fotográfica para a revista Gala e Eventos

·         Para si, o que é uma boa fotografia de moda?

Depende do que estamos a falar. Moda é um mundo vasto: temos publicidade, temos editoriais, temos muita coisa. Na verdade, a boa fotografia é aquela que, com qualidade reconhecida, atinge o fim a que nos propomos...

O estilo Pin Up bem representado nesta fotografia

·         Existe alguma coisa que ainda não fez e queira fazer com fotografia de moda?

Tenho dezenas de projectos que estão em andamento nesta área. No fundo, será sempre procurar evoluir um pouco mais e surpreender...

·   Fale um pouco sobre o seu projecto de editoriais usando determinadas épocas da moda e trabalhando com estilistas.

Esta ideia surgiu porque, no meu ponto de vista, os estilistas Angolanos (salvo algumas excepções reconhecidas) não dão a conhecer o ser trabalho sem ser em desfiles. Há, cada vez mais a necessidade, de exporem aquilo que criam, como que tendo um portfólio. Ora, aqui surge a minha ideia de tentar recriar determinadas épocas. Primeiro, porque sou apaixonado pelas anos 50-80. Segundo, seria uma forma de lançar desafios aos estilistas a ponto de se superarem a si mesmos e fazer algumas peças para os editoriais. Ao mesmo tempo, quero, como terceiro ponto, dar a conhecer o que é feito em Angola no meu site pessoal e outros sites, uma vez que têm uma visibilidade interessante.

Editorial com roupas do trio Geraldo Fashion

Editorial com peças de Mia Mendes

Ana Loyd em Le Secret

·         Além da moda, que tipo de projectos fotográficos desenvolve?

Decidi, como escrevi anteriormente, voltar ao meu ponto de ‘origem’, ou seja, voltar a fotografar gentes, culturas, pessoas. Por isso, iniciarei em breve algumas viagens por Angola e pelo Mundo para recolher imagens para que, daqui a cerca de dez anos, possa fazer uma exposição significativa. Por outro lado, estou a desenvolver um projecto que junta poesia e imagens.

Gente...

Hábitos...

Dia-a-dia

Detalhe

·         Como as pessoas podem conhecer o seu trabalho? Onde o publica regularmente?

Utilizo três sites:
  
·         Onde pretende estar/ ser daqui a 5 anos?

Pretendo estar por Itália a aprender com os grandes mestres da fotografia.

O olhar de quem bem sabe o que quer... Coy!


Um comentário:

  1. Parabéns, Coy(ote). Gosto da tua frontalidade e objectivos bem definidos. Meio caminho andado para o sucesso. Aquele abraço e já sabes: Luanda te espera.

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